terça-feira, 25 de outubro de 2011

Einstein: Liberdade de Expressão, Ciência, Escola e Democracia!

Albert Einstein revela que é inútil tentar discutir os juízos de valores fundamentais. Se alguém aprova como meta, por exemplo, a eliminação da espécie humana da face da Terra, não se pode refutar esse ponto de vista em bases racionais. Se houver, porém concordância quanto a certas metas e valores é possível discutir racionalmente os meios pelos quais esses objetivos podem ser atingidos. Indiquemos, portanto, duas metas com que certamente estarão de acordo quase todos os que lêem estas linhas.
1 - Os bens instrumentais que servem para preservar a vida e a saúde de todos os seres humanos devem ser produzidos mediante o menor esforço possível de todos.
2 - A satisfação de necessidades físicas é por certo a precondição indispensável de uma existência satisfatória, mas em si mesma não é suficiente. Para se realizar, os homens precisam ter também a possibilidade de desenvolver suas capacidades intelectuais, artísticas, sem limites restritivos, segundo suas características e aptidões pessoais.
A primeira dessas duas metas exige a promoção de todo conhecimento referente às leis da natureza e dos processos sociais, isto é, a promoção de todo esforço científico. Pois o empreendimento científico é um todo natural, cujas partes se sustentam mutuamente de uma maneira que certamente ninguém pode prever.
Entretanto, o progresso da ciência pressupõe a possibilidade de comunicação irrestrita de todos os resultados e julgamentos. A Liberdade de Expressão e Ensino em todos os campos do esforço intelectual. Por liberdade, entendo condições sociais, tais que, a expressão de opiniões e afirmações sobre questões gerais e particulares do conhecimento não envolvam perigos ou graves desvantagens para seu autor. Essa liberdade de comunicação é indispensável para o desenvolvimento e a ampliação do conhecimento científico, aspecto de grande importância prática.
Em primeiro lugar, ela deve ser assegurada por lei. Mas as leis por si mesmas não podem assegurar a liberdade de expressão; para que todo homem possa expor suas idéias sem ser punido, deve haver um espírito de tolerância em toda a população. Tal ideal de liberdade externa jamais poderá ser plenamente atingido, mas deve ser incansavelmente perseguido para que o pensamento científico, o pensamento filosófico e criativo em geral, possa avançar tanto quanto possível.
Para que a segunda meta, isto é, a possibilidade de desenvolvimento espiritual de todos os indivíduos, possa ser assegurada, é necessário um segundo tipo de liberdade externa. O homem não deve ser obrigado a trabalhar para suprir as necessidades da vida numa intensidade tal que não lhe restem tempo nem forças para as atividades pessoais. Sem este segundo tipo de liberdade externa, a liberdade de expressão é inútil para ele. Avanços na tecnologia tornariam possível esse tipo de liberdade, se o problema de uma divisão justa do trabalho fosse resolvido.
O desenvolvimento da ciência e das atividades criativas do espírito em geral exige ainda outro tipo de liberdade, que pode ser caracterizado como liberdade interna. Trata-se daquela liberdade de espírito que consiste na independência do pensamento em face das restrições de preconceitos autoritários e sociais, bem como, da "rotinização" e do hábito irrefletidos em geral. Essa liberdade interna é um raro dom da natureza e uma valiosa meta para o indivíduo. No entanto, a comunidade pode fazer muito para favorecer essa conquista, pelo menos, deixando de interferir no desenvolvimento. As escolas, por exemplo, podem interferir no desenvolvimento da liberdade interna mediante influências autoritárias e a imposição de cargas espirituais aos jovens excessivas; por outro lado as escolas podem favorecer essa liberdade, incentivando o pensamento independente.
Só quando a liberdade externa e interna são constantes e conscienciosamente perseguidas, há possibilidade de desenvolvimento e aperfeiçoamento espiritual e, portanto, de aprimorar a vida externa e interna do homem”.
Preciso cooperar com uma reflexão pessoal sobre esse belo texto que acima foi descrito de forma autêntica, visto que Einstein é Educador ao revelar a importância da Liberdade diante da Instituição Escolar, sendo essa uma instituição social que foi criada para conduzir e elevar o homem a desenvolver seu intelecto, que durante sua vida será mensurado por seu desenvolvimento cognitivo e emocional, possibilitando um despertar para análise da complexa leitura científica do mundo, onde o campo sistêmico se apresenta como um desafio a todos que permitem que um tempo de sua vida seja proporcionado à busca do conhecimento científico.
Esta inicia na infância, e a sociedade fortalecida por instituições democráticas deve estimular e facilitar a aprendizagem como condição natural de convivência social, ou seja, permitir que o conhecimento esteja à disposição das pessoas.
A paixão de conhecer e explicar o que nos rodeia é o originário de um campo fértil que propicia o despertar amplo da paixão pela ciência, onde a Gaia, que é a mãe da vida, está sempre ofertando os embriões de sua natureza em diversas áreas, permitindo um convite para a consciência transformada a partir da escolha do objeto de estudo.
Quando criança, começamos quase sempre, manipulando as primeiras revistas e livros infantis, onde a leitura começa na percepção das figuras e posteriormente se desenvolve em compreender os fonemas, passando da pronúncia fantasiada a bela precisão dos mesmos, iniciando a riqueza de um vocabulário que servirá de caminho percorrido pela linguagem verbal e escrita, sendo esta aperfeiçoada ao longo da vida do ser humano.

O ambiente familiar tem importância neste comportamento da criança, visto que precisa valorizar o mesmo no meio ambiente, ou seja, a criança precisa ser estimulada pela família a gostar de ler. Assim, esse comportamento deverá ser um fator de crescimento e expansão intelectual por toda a vida, numa relação dialética que se processa a partir da pergunta de nossa curiosa forma de interrogar o mundo, despertando o desejo de uma resposta, que de forma momentânea, produza uma certeza presente, que será contestada no próximo livro a ser lido sobre aquele mesmo assunto.

Não há dúvida de que o avanço científico muda no próximo instante, pois todo conhecimento de hoje já está sendo interrogado em sua dimensão científica, visto que no próximo amanhã poderá estar na doce lembrança literária da biblioteca pessoal e acadêmica de um leitor, sem querer dizer que ele está em desprezo ou abandono absoluto, visto que a epistemologia científica jamais permitirá seu eterno esquecimento, ou seja, não existe o silêncio de uma linguagem acadêmica temática para sempre.

Neste sentido, Einstein nos avisa que a vida acadêmica é repleta de riscos e virtudes, pois existe a necessidade de universalizar a divulgação do conhecimento científico, permitindo assim disponibilizar seu reconhecimento, proporcionando a tese de que a verdade científica seja investigada por todas as universidades, e só assim poderá ser aceita e respeitada.

O conhecimento científico rompe com a clausura dos muros de seus laboratórios universitários e intelectuais, sejam esses experimentais ou filosóficos, porém isso não significa se libertar da opressão institucional de sociedades mais atrasadas, que procuram manipular a formação humana enfocando teologias absolutistas ou ideologias partidárias e filosóficas que não podem ser contestadas por força da ordem dominante.

Para essas sociedades, a condição de divulgação do conhecimento científico e filosófico amplo, se torna uma ameaça às hipocrisias de seus discursos, pois elas vêem no conhecimento, e em sua divulgação, o perigo de romper com o status relacionado ao poder que a mantém, exercendo uma função perversa de bloquear o caminho da divulgação dos mesmos, visto que esses podem provocar a mudança no horizonte político vigente.

Assim, para as sociedades autoritárias, até a internet e uma imprensa livre de censura, tornam-se um problema de “segurança nacional”, onde seus acessos e conteúdos jornalísticos devem ser restritos, controlados, visto que esses podem despertar mudança de mentalidade na vida da pessoa humana.

O risco maior produzido pelo conhecimento científico é ensinar o homem a pensar, isso o torna livre do outro homem, colocando-o como sujeito de sua história, e dessa forma, permite ao mesmo, uma ampla autonomia em ações sociais. Ao Aprender, o ser humano torna-se capaz de produzir o bem estar de ensinar seu semelhante.
Dessa forma, a sociedade pode reconhecer as diferenças diante do debate, mas nunca se colocar a favor da opressão, visto que o ato mais nobre de uma pessoa é expressar seu pensamento sem temer a diferença de seu discurso, mais de saber que ao apropriar-se do mesmo, consegue definir seu papel diante do antagonismo de idéias que enriquecem o fio condutor do eterno debate acadêmico em suas inúmeras perspectivas de explanação conceituais e ideológicas.
Quando esse conhecimento se expande nas sociedades, isso traz um tsunami, com ondas gigantes, onde o que está no horizonte é destruído, produzindo posterior mudança no seio da sociedade, que assim consegue se oxigenar por um banho de artigos científicos publicados diariamente pelas casas das ciências, o que conhecemos como universidades, socializando a expansão do conhecimento na velocidade da luz, permitindo clarear a percepção do homem, retirando-o da cegueira social.

Nas sociedades democráticas mais amplas e consolidadas, essa atitude de divulgação do conhecimento científico, possibilita uma amplitude da vida social e de bem estar, libertando o homem da opressão da ignorância, ou pelo menos permitindo a esse sua libertação, visto que estudar é uma escolha, nunca uma obrigação, porém nenhuma sociedade que queira evoluir, deverá deixar de ofertar esta condição.

A divulgação do conhecimento científico viabiliza um amplo processo de inclusão social a partir da expansão intelectual, sendo essa, formadora de uma consciência científica e social, onde o conhecer significa desfrutar de uma vida na eterna relação entre o aprender e o ensinar, exaltando o bem maior do patrimônio da humanidade que é sua formação cultural, dimensionando assim, a amplitude da vida em suas inúmeras formas de existência, colocando o homem diante do Creador e despertando que o mesmo possa ser o Criador do conhecimento científico.

Para Einstein, Deus é o Creador, ou seja, a Origem Física e Espiritual de todas as formas de Vida composta no Universo. Assim “Deus é a Lei e o Legislador do Universo” (2006,pag.171). O Homem é o Criador, ou seja, aquele que investiga, descobre e assim estabelece um conceito que se propaga como capaz de ser divulgado e anunciado, tendo através da metodologia científica, seu conhecimento expansivo, onde o descobrir implica em revelar algo novo para si, mas é bom lembrar que já existe no universo físico ou filosófico aquilo que o homem estuda e isso possibilita a evolução contínua do conhecimento, demonstrando sua compreensão sobre o tema proposto e ao mesmo tempo desafiando seu crescimento, sua amplitude.

Ao expandir sua cognição sobre o assunto estudado, diante das inúmeras pesquisas oriundas da natureza física, filosófica ou espiritual, o intelecto humano se desenvolve em busca da relação entre o Homem e o Cosmo. Einstein afirma: “A ciência atômica avançou rumo à Matemática, Metafísica, Mística; ultrapassou o Verso e se aproxima do Uno do Universo.” (2006, pag.83).

A Cosmocracia Einsteiniana convida o homem a despertar em uma eterna interrogação. Ele, Einstein, passou a vida repleto de questões interrogativas, inclusive conversou com Freud, quando questionou o Por que da Guerra?


Tantas outras perguntas e fascínio habitavam a mente do gênio, incluindo sua concepção da matemática abstrata (1), bem como compreender a extensão do pensamento filosófico e a poesia enquanto fonte de inspiração para a vida humana.

Suas concepções sobre a natureza do conhecimento científico permitem analisar a diversidade de estudos disponíveis no Cosmo, que por sua vez oferece ao homem um banquete, onde o alimento sagrado é a ciência, colocando o Criador diante da dimensão do Creador, que por sua vez permite, em um gesto maior de humildade, que sua natureza seja estudada, ligando de forma física, biológica e espiritual o Creador ao Criador em um eterno passeio nas estradas dos três M, que tanto encataram Einstein, que são a Matemática, a Metafísica e a Mística.

Algumas sociedades, ainda no mundo de hoje, procuram impedir o encontro do homem com o conhecimento científico e para isso manipulando a relação do Homem com Deus, oprimindo seus cidadãos, que por não poder compreender o discurso científico, não conseguem enxergar o novo tempo, ficando apenas em suas faces existências o castigo produzido pela opressão, onde a ignorância reflete a triste vida social e espiritual, violentando a cidadania.

A Escola é o bem maior de uma sociedade e essa instituição deve possibilitar a quebra das amarras da alienação, através da busca do debate democrático onde o princípio maior deve ser o bem estar da comunidade em que está inserida.

E assim, deve originar e patrocinar a divulgação do conhecimento científico a partir da promoção da liberdade de expressão, permitindo na sala de aula uma dinâmica de atuação entre professor e aluno, pesquisando idéias e conteúdos que possam despertar o profundo interesse em compreender a realidade social, e assim buscar correlacionar à universalidade do conhecimento científico, objetivando despertar no ser humano a capacidade de escrever a história de seu tempo, sem, no entanto, deixar de relacioná-lo ao passado, clarificando o presente, permitindo um futuro histórico proporcional a magnitude de sua evolução cognitiva e emocional.

A transformação de uma sociedade passa pela transposição de barreiras acadêmicas e institucionais, permitindo que a Democracia esteja presente de Fato e de Direito nas Escolas e Universidades, para que as mesmas possam ser aliadas da Cosmocracia Einsteiniana, onde o maior interesse deve ser o desenvolvimento da inteligência Humana, em sua dimensão biopsicossocial e espiritual.

“A perfeição dos meios e a confusão dos objetivos parece caracterizar a nossa época. Se desejamos sinceramente e com ardor a segurança, o bem-estar e o desenvolvimento livre dos talentos de todos os homens, não nos faltarão meios para atingir tal estado. Ainda que só uma pequena parte se esforce por tais objetivos, sua superioridade ficará comprovada em longo prazo”.

Albert Einstein.



Texto discursivo: Professor Mauri Gaspar



Referência Bibliografia

BORGES, Maria Luiza X. de A. – Tradução dos Escritos da Maturidade: artigos sobre ciência, educação, relações sociais,racismo, ciências sociais e religião. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1994.

ROHDEN, Huberto. Einstein. O Enigma do Universo. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006.



Nota1 -

“O principio Creador reside na Matemática; a sua certeza é absoluta, enquanto se trata de Matemática Abstrata, mas diminui na razão direta da sua concretização.”