quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Piaget, Vygotsky e Wallon: Desenvolvimento e Aprendizagem sob a ótica das suas teorias.

Jean Piaget
 
Henri Wallon 
Lev Vygotsky



               Ao estabelecer parâmetros teóricos entre as teorias psicogenéticas que enfocam a relação homem ativo, mundo ativo, de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon em suas pesquisas, buscamos compreender a construção do conhecimento no ser humano. Apesar de partirem de questões diferentes, em contextos diversos, esses três pesquisadores compartilhavam de algumas preocupações listadas a seguir:

-  O que origina o conhecimento humano?

-  Como se desenvolve o conhecimento humano?

-  Quais os fatores determinantes?  

-  O que é importante no percurso do seu desenvolvimento? 

Assim, estudar as funções psíquicas, à luz de sua gênese e evolução, têm gerado bons frutos, por exemplo: a Teoria Piagetiana tem se mostrado capaz de absorver as concepções cognitivistas não genéticas. Seu avanço, no entanto, reporta a um diálogo com interlocutores, tais como Vygotsky e Wallon, que vem cumprir a função ativadora e dinamogênica.

O confronto, que não necessariamente seja agressão, revela três pontos de vista que colocam o investigador na chamada zona crítica da ciência psicológica, onde se travam as polêmicas e se geram os avanços científicos, confrontam-se teorias com fatos ou teorias com teorias, tornando a ciência psicológica, dialética.

Na verdade, quando você se depara com a discussão teórica travada entre Piaget, Vygotsky e Wallon no campo da Psicologia, descobre que esta, beneficia de forma criativa a ação pedagógica na área da educação, despertando uma compreensão evolutiva do conhecimento humano.

Portanto, irei explanar de forma sintética, os conceitos das teorias aqui citadas e discutir suas possibilidades e limites, exercitando uma reflexão que possibilite beneficiar os diversos profissionais interessados em educação.

 

1.      DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

1.1. Aspectos conceituais

ü  Desenvolvimento

O desenvolvimento humano pode e deve ser estudado a partir dos aspectos físico-motor, intelectual, afetivo, emocional e social, do nascimento até a terceira idade que corresponde a partir de 60 anos para países como o nosso, sendo que, para os países ricos essa faixa etária se inicia aos 65 anos, pois o fator econômico muda o horizonte de vida da população de uma nação. 

Logo, o desenvolvimento humano, deve ser estudado a partir da análise do desenvolvimento mental e crescimento orgânico, sendo que o desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais, colocando o homem na condição de eterno aprendiz, pois quanto mais se estuda, mais se aprende. O saber não tem domínio pleno, ninguém é dono da verdade, visto que o conhecimento está sempre em constante renovação, graças à inquietude que o mesmo desperta na mente.
Por isso, as formas de organização da atividade mental buscam se aperfeiçoar e assim se solidificam, até o momento em que todas elas, se caracterizarão em um estado de equilíbrio superior, quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais.

Porém quando falamos em estudar o desenvolvimento humano, somos convidados a conhecer as características comuns de uma faixa etária, o que nos torna mais aptos para a observação e interpretação dos comportamentos manifestos. 

Vamos conhecer então alguns fatores que influenciam o desenvolvimento humano:
 
ü     Hereditariedade: corresponde a carga genética que estabelece o potencial do indivíduo, podendo ou não desenvolver esses genes. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência, no entanto, a inteligência pode desenvolver-se abaixo ou acima de seu potencial, dependendo das condições do meio em que se encontra o indivíduo, pois a genética não é um fator pleno de justificativa do comportamento em toda a sua expressão. Assim, se faz necessário analisar as variações oriundas de outros aspectos que poderão ser responsáveis pela ação do homem na sociedade. Por exemplo: o nível de inteligência do pai ou mãe, não é responsável pelo nível de inteligência do filho, quanto ao seu aprendizado em sala de aula, porém sabe-se que a capacidade genética dos pais, é favorável ao aprendizado do filho.

ü     Crescimento Orgânico: refere-se ao desenvolvimento físico. O aumento da estatura física e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não possuíam;
 
 
Por exemplo, as possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação à fase que essa criança estava no berço, com alguns dias de vida. Assim a dimensão do mundo social está ligada à capacidade física de interagir com o meio.

ü     Maturação Neurofisiológica: Esta torna possível determinado padrão de comportamento;

Por exemplo, a alfabetização das crianças depende dessa maturação. Para segurar o lápis e manejá-lo, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2 ou 3 anos não tem, visto ainda necessitar de uma maior coordenação motora para emitir tal comportamento, com maior precisão.


ü     Meio: conjunto de influências e estimulações ambientais que alteram o padrão de comportamento do indivíduo;

Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque essa situação pode ainda não ter feito parte de sua experiência de vida, logo quanto maior o grau de estimulação ambiental para uma criança, maior será sua capacidade em lidar e resolver situações necessárias a sua adaptação ao meio em que vive.

Vemos assim que as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que estes fatores são indissociáveis e estão em permanente interação, influenciando todos os aspectos do comportamento enquanto expressão da personalidade do indivíduo.  

ü  Aprendizagem
Aprendemos, a partir da necessidade de interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes. Essas múltiplas interações se desenvolvem desde o processo gestacional, aqui é importante lembrar o quanto à condição do pré-natal é determinante para o desenvolvimento da aprendizagem, pois ao nascer, a criança vai gradativamente ampliar sua forma de lidar com o mundo, construindo significados para as suas ações, resultante das experiências que lhe são possibilitadas a partir de seu meio social.
 
Quer saber mais a respeito? Então leia o artigo que fiz sobre o pré-natal, acesse: http://mginsight.blogspot.com.br/2011/01/neurociencia-psicologia-e-o-pre-natal.html
Essa leitura lhe mostrará a dimensão da importância do pré-natal para o desenvolvimento da criança.
Ao desenvolver a linguagem, a criança adquire significados, revelando conceitos que são compartilhados por grande parte de seu grupo e dessa forma eterniza a influência verbal de seu meio social, caracterizando inclusive a pronúncia de uma palavra, com ênfase fonética regional, e aqui no Brasil não faltam exemplos, lembre-se das expressões que você usa desde que nasceu e que são parte da cultura de sua região. Pronuncie uma agora.

Muito bem!!!

A linguagem, além disso, irá integrar-se ao pensamento, formando um alicerce sobre o qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O pensamento pode ser entendido, desta forma, como um diálogo interiorizado, revelando o subjetivo, produzindo uma linguagem que expressa uma necessidade do sujeito, sendo essa linguagem parte de sua personalidade, enquanto expressão com o outro, e de sua maturidade mental e intelectual.

Os objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de eventos externos aos indivíduos. Para se apropriar desses objetos e conceitos, é preciso que a criança identifique as características, propriedades e finalidades dos mesmos. A apropriação pressupõe, portanto, gradativa interiorização de conceitos. Através desse processo, é possível aprender o significado da própria atividade humana, que se encontra sintetizada em objetos e conceitos, revelando a compreensão do universo que está a sua volta.


Por exemplo, quando você compra um par de patins, você e a criança analisam o trabalho em si, segurança técnica, além de imaginar o maquinário apropriado que o construiu, essa observação direciona as principais características e finalidades para o qual se destina o brinquedo. Isso é um fator determinante para a aquisição ou não do produto.

A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual a forma de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados pela criança. Para que se possa entender esse processo, é necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Assim, as operações cognitivas, aquelas envolvidas no processo de conhecer, são sempre ativamente construídas na interação com outros indivíduos ou objetos, possibilitando sua apropriação enquanto conceito. Lembre-se do comportamento que uma criança emite ao assistir um desenho animado, onde ela busca se identificar com um ou mais personagens, despertando aprendizagem a partir desta identificação.

       Em geral, o adulto ou a criança mais experiente fornece ajuda direta a outra criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de gestos e instruções verbais, em situações interativas sociais. Esta interação, adultocriança, gradativamente, apropria a fala social trazida pelo adulto, permitindo que seja incorporada pela criança, onde seu comportamento torna-se então, orientado por uma fala interna, que planeja a sua ação. Nesse momento, essa fala está implícita com o pensamento da criança, integrando e dinamizando suas operações intelectuais.

      Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial as crianças, aprendem através de ações compartilhadas, mediadas pela linguagem e pela instrução. A interação entre adultos e crianças, e grupos infantis, é fundamental para a formação do processo de aprendizagem.

      A Psicologia da Aprendizagem aplicada à educação e ao ensino, busca revelar como a interação entre professor e aluno é capaz de produzir a aquisição do saber e da cultura acumulada, pois o ato de aprender passa por estar diante de estímulo adequado à construção do conhecimento, cabendo ao professor esse papel de facilitador entre o conteúdo e a capacidade cognitiva do seu aluno. Por isso, é tão importante para a educação, que o professor conheça o nível intelectual do aluno e assim possibilite atividade que estimulem a expansão e interesse do mesmo em aprender. 

      Assim, caro colega professor, no processo de aprendizagem nosso papel é fundamental, pois devemos estruturar condições para ocorrência de interação que facilite o triângulo dinâmico professor-aluno-objeto de estudo, para que possamos possibilitar à apropriação do conhecimento ao aluno. 

      Essa visão de aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição do conhecimento, como o papel decisivo que nela tem o facilitador desse processo, no caso específico, o professor. 

      Por exemplo: ao ler um texto com os alunos, o professor poderá ajudar na compreensão do mesmo ao se dispor ouvir e comentar, estimulando os alunos ao debate.

      Estas ações, em conjunto, têm fortes influências na educação, pois a aprendizagem se direciona do social para o individual, através de sucessivos estágios de internalização, providas do desenvolvimento gradativo da inteligência adquirida, com o auxílio de adultos. 

       Esse é um bom perfil da qualificação do professor, que ao se propor educar, desperta no aluno um universo de interrogação originária da eterna busca de aprender.

      Agora, depois de saber da importância da Psicologia da Aprendizagem para a prática educacional, vamos embarcar na discussão da teoria Psicogenética.


1.2. Teorias psicogenéticas em discussão
As teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon apresentam afinidades e divergências sobre determinados temas, porém comungam de uma visão interacionista de desenvolvimento humano e aprendizagem.
A concepção interacionista entende que o desenvolvimento e a aprendizagem humana ocorrem por meio da interação entre o indivíduo (questões internas) e o meio (dados externos) onde está inserido. Dessa forma, o ser humano é visto como um ser ativo que, ao interagir com o mundo, se desenvolve e aprende. A cultura e o momento histórico em que o sujeito está situado, também influenciam em seu desenvolvimento cognitivo.
      Um bom exemplo é o quanto a tecnologia faz parte da vida das pessoas de uma forma bem abrangente, possibilitando um avanço nas relações sociais, sem necessariamente ser apenas positiva, mas de efeito múltiplo no dia de hoje da sociedade mundial, permitindo até convocar pessoas para manifestações políticas.
     Essa concepção, interacionista, se opõe às visões inatistas (racionalista) e ambientalistas (empirista), no que se refere ao desenvolvimento e à aprendizagem humana. 
      Na visão inatista, representada pelo racionalismo, considera-se a razão e o pensamento (questões internas) como as únicas fontes do conhecimento por serem inatos. Baseia-se na hereditariedade, nos dons, na transmissão, e acredita que a capacidade de conhecer é dada a priori, nascendo com o indivíduo e limitando suas possibilidades. 
      A visão ambientalista, representada pelo empirismo, considera que os objetos (dados externos) e as experiências sensoriais são as únicas fontes do conhecimento. Baseado nos estímulos externos que imprimem no homem, considerado uma folha em branco, determinadas aprendizagens controladas.
      Em ambas as concepções, o homem é visto como um ser passivo, seja pelo préformismo espontaneísta, seja pelo associacionismo mecanicista.
      O interacionismo, originário de Kant, no século XVIII, busca acabar com a exacerbação do sujeito (racionalismo) ou do objeto (empirismo), propondo uma relação entre ambos, como forma de compreensão do sujeito e seu mundo.
      Assim, no pressuposto interacionista, a psicogenética pode ser definida como o estudo da origem e do desenvolvimento da mente e do conhecimento. Logo, as teorias psicogenéticas coincidem em seu objeto de estudo: definir a maneira como se origina e se desenvolve o conhecimento no ser humano. 
      Jean Piaget (1896-1980), Lev S. Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (18791962) situam-se nesse grupo de teorias.
      É importante lembrar que estes teóricos realizaram suas pesquisas no campo da Psicologia, mas que seus nomes foram difundidos, sobretudo, nos meios educacionais, em função da colaboração de seus estudos para a Educação.
  

Agora vamos conhecer a Teoria de:

1.      JEAN PIAGET
      1.1.            Uma Breve Biografia!

n  Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 9 de agosto de 1896, filho de Artur Piaget, agnóstico, historiador especialista em Literatura Medieval e Rebecca Jackson, Luterana.
n  Em 1907, com 10 anos, publicou “Observação de um pardal albino”. Aos 13 anos, especializou-se em lesmas lacustres.
n  Em 1913, foi convidado para tomar conta da coleção de moluscos que incluía a de Lamarck (1744-1829), porém recusou, pois necessitava terminar seus estudos de segundo grau.
n  Aos 15 anos, recebeu o Grau de Bacharel em Biologia pela Universidade de Neuchâtel, sendo que, aos 20 anos, já tinha publicado 35 artigos científicos.
n  Aos 22 anos, recebeu o Título de Doutor em Ciências Naturais na mesma Universidade e, após Doutorado, viajou para Zurique, onde trabalhou como Psicólogo Experimental.
n  Em 1919, mudou-se para a França, onde foi convidado para trabalhar no laboratório de Alfred Binet.
n  Em 1921, retornou a Suíça a convite do psicólogo de educação Edouard Claparède, como pesquisador do Instituto J. J. Rousseau, em Genebra, destinado a formação de professores.
n  Em 1923, publicou seu primeiro livro: “A Linguagem e o Pensamento da criança”.
n  Em 1924, casou-se com Valentine Châtenay, sua ex-assistente em pesquisas, tendo três filhos: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931).
n  Em 1936, publicou “O Nascimento da Inteligência na Criança”, abordando a questão dos reflexos inatos; em 1937, “A Construção do Real na Criança”, abordando o desenvolvimento intelectual, consciência dos objetos, espaço e tempo; em 1945, “A Formação do Símbolo na Criança, interação entre representação e pensamento”, todas as obras inspiradas na observação de seus filhos.
n  De 1925 a 1939, lecionou Psicologia, Sociologia, Filosofia e História do Pensamento Científico em Neuchâtel e Genebra.
n  De 1940 a 1943, presidiu a Sociedade Suíça de Psicologia e editou a Revista Suíça de Psicologia. Com a morte de Claparède (1940), tornou-se sucessor do professor de psicologia e diretor do laboratório de psicologia, até sua morte.
n  Em 1946, após a 2ª Guerra, participou da criação da UNESCO, órgão das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Educação, Ciência e Cultura.
n  Em 1950, publicou “Introdução a Epistemologia (Teoria do Conhecimento) Genética”.
n  Em 1952, escreveu sua auto-biografia, aos 67 anos, revelando seus eventos de interesses biográficos que influenciaram sua obra.
n  De 1952 a 1963, lecionou em Sorbone, na França.
n  Em 1955, em Genebra, fundou e dirigiu o Centro Internacional Especializado em Epistemologia Genética, destinado a realizar pesquisas interdisciplinares sobre formação da inteligência, onde permaneceu até a data de seu falecimento.
n  Em 1967, escreveu “Biologia e Conhecimento”, considerada uma de suas principais obras.
n  No dia 16 de setembro de 1980, faleceu em Genebra, aos 84 anos de sabedoria (KESSELRING, 1993).
 
     “Piaget, Cientista, encontrou o caminho do desenvolvimento humano ao descobrir que, no estudo da Inteligência Infantil, a Biologia se vincula à Filosofia das Ciências Naturais e assim compõe o comportamento humano”.
Mauri Gaspar 
n  2.2. Aspectos conceituais
      As teorias de Jean Piaget revelam como se desenvolve a inteligência nos seres humanos. Em função disso, sua ciência é chamada de “Epistemologia Genética”, nome de um de seus inúmeros livros. Esse termo compreende-se como o estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos. Logo, sua ciência procura distinguir as raízes das diversas variedades de conhecimento, a partir de suas formas mais elementares, acompanhando o desenvolvimento nos níveis subsequentes, até, inclusive, o pensamento científico.
      Suas teorias têm comprovação de bases científicas, assim, ele não somente descreveu o processo de desenvolvimento da inteligência, mas experimentalmente comprovou suas teses, visto ser um obstinado cientista, em função de sua ampla formação acadêmica. Esse traço de sua personalidade mostra a força e presença marcante de seu pai, céptico, em sua vida. 
      Assim, suas investigações revelam que a criança tem uma lógica própria, diferente do adulto, e que há um caminho psicogenético a ser seguido na sua evolução. Piaget divulga o chamado princípio da atividade, concebendo a criança como um ser ativo, construtora do seu próprio saber, onde a ação é regida pela necessidade e pelo interesse que possui em uma determinada situação.
      Por isso sua teoria é a norteadora do Construtivismo, composição teórica proposta pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para o planejamento, execução e avaliação das atividades pedagógicas nas escolas brasileiras, possibilitando sua ampla aplicação em escolas inclusivas, que por sua vez permitem uma maior interação do aluno com o processo de aprender, em função de estimular a criação diante da atividade proposta pelo professor. 
      Por exemplo: uma atividade de trabalhar com massa de modelar colorida, onde a criança é estimulada a criar algo que ela queira, representando seu trajeto de casa a escola. As respostas são surpreendentes; pode aparecer volante de carro, roda de bicicleta e até mesmo animais como cachorro e gatos, além de seres humanos. Estimule a criatividade das crianças e adolescentes e se surpreenda com as respostas.
      Vamos falar dos Estágios do desenvolvimento da inteligência humana, segundo Piaget, onde ocorrem os desenvolvimentos motor, verbal e mental.
A.                Período Sensório-Motor - do nascimento aos 2 anos, aproximadamente.  A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) pelos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência eminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água), já que não representa mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta social, neste estágio é de isolamento e indiferenciação, sendo a criança o centro do mundo, visto que todos olham e falam com ela, e assim realizam suas vontades.
B.                Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente.  Esse estágio permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc., podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação; é o período da fantasia, do faz-de-conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais, pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforo em carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está em nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo, sem que respondam as argumentações dos outros. Por exemplo, duas crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados. Existem outras características do pensamento simbólico, como por exemplo, o nominalismo (dar nomes às coisas das quais não sabe o nome ainda), superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.
Esse período é determinante para o desenvolvimento da inteligência cognitiva e emocional, em função de proporcionar uma leitura e expansão própria da criança diante das condições sociais oferecidas a ela, proporcionando assim sua maior maturidade e riqueza de individualidade a partir de sua convivência com outras crianças e adultos.
C.                Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente.  Neste período, já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois a criança pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela, porém seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos, sem, no entanto, incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à linguagem, não mantém uma conversação longa, mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro. Os Estágios Simbólicos e Intuitivos são também, comumente, apresentados como Estágio Pré-Operatório.
Período que possibilita a descoberta do ato de leitura, que deve ser incentivado pelos pais para que a alfabetização tenha uma maior influência na vida da criança, visando torná-la um leitor na fase de adolescente e vida adulta.
D.                Período Operatório Concreto - dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.  É o período em que a pessoa consolida as conservações de número, substância, volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando, então, o mundo de forma lógica ou operatória. Sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a elas, e estabelecem compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que possam discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum.
E. Período Operatório Abstrato - 11 anos em diante, também denominado Operacional Formal, é o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto, em proveito de interesses orientados para o futuro, sendo, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento, é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê em nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.
A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência reside no fato de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste processo é fundamental para que os professores possam, também, entender com quem estão trabalhando.
A obra de Jean Piaget não tem a intenção de possibilitar aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno. Para ele, cada fase de desenvolvimento apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. Assim o conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados objetivando um maior desenvolvimento do indivíduo, construindo assim seu crescimento intelectual.
O lema “o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender”, do Método Psicogenético, criado por Lauro de Oliveira Lima, tem suas bases nestas teorias epistemológicas de Jean Piaget. Existem outras escolas, espalhadas pelo Brasil, que também procuram criar metodologias específicas, embasadas nas teorias de Piaget, entre elas a minha escola que criei com base na Teoria Piagetiana, Centro Educacional Escada do Tempo, que trabalhou como escola inclusiva, possibilitando uma verdadeira mudança na educação das crianças que ali estavam matriculadas e assim puderam vivenciar a ação construtivista.
 Estas iniciativas passam tanto pelo campo do ensino particular, como pelo público.
Assim, as teorias de Piaget no Brasil vêm conseguindo expandir seu foco educacional, visto se encontrar em todos os estados da federação, escolas com princípios construtivistas. Profissionais de educação de uma forma ampla buscam conhecer melhor a Epistemologia Genética e tentam aplicá-la na sua vida profissional e na sua prática pedagógica, que encanta a todos que conseguem praticá-las.
Jean Piaget escreveu um livro com esse nome “Epistemologia Genética” editado no Brasil pela editora Martins Fontes.
“Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor transforma-se numa espécie de ‘técnico do time de futebol’, perdendo seu ar de ator no palco). Quem quiser seguí-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ‘ensinando’, aí não está havendo uma escola piagetiana!” (LIMA, 1980, p. 131).
2.3. Teoria cognitivista
n  A inteligência, para Piaget, é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova, isso implica na construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica.
n  Os indivíduos se desenvolvem intelectualmente, a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. Portanto, a inteligência humana pode ser exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades, que evolui "desde o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível das trocas simbólicas" (RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI, 1990, p. 3).
n  Para Piaget, o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos, mas sim construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; logia = estudo) é caracterizada como interacionista. A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, assim, está relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo. As teorias piagetianas abrem campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento, mas também para a sociologia e a antropologia, além de permitir uma forte expansão na pedagogia, possibilitando um amplo campo de pesquisas para esses profissionais da educação, permitindo que tracem uma metodologia baseada em suas descobertas, oriundas da interação professor-aluno.
n  Não existe estrutura sem gênese, nem gênese sem estrutura” (Piaget). Logo, a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação. Para Piaget o indivíduo só recebe um determinado conhecimento, se estiver preparado para recebê-lo, ou seja, se puder agir sobre o objeto de conhecimento para inseri-lo num sistema de relações. Não existe um novo conhecimento, sem que o organismo tenha um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo, o que implica os dois pólos da atividade inteligente: assimilação e acomodação.
n  Assimilação ocorre na medida em que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência ou estruturação por incorporação da realidade exterior a formas devidas à atividade do sujeito (PIAGET, 1982). 
n  Acomodação ocorre quando a estrutura se modifica em função do meio, e suas variações. A adaptação intelectual constitui-se, então, em um "equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar" (PIAGET, 1982). Piaget situa o problema epistemológico, do conhecimento, ao nível de uma interação entre o sujeito e o objeto.
n  "Essa dialética resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas sem gênese, etc. e permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento" (PIAGET, 1982, p. 52).
n  O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intra-uterino e vai até os 15 ou 16 anos. Piaget afirma que a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da inteligência se dá, portanto, em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras, que Piaget denominou de “construtivismo sequencial” (BELLO, 1995).
Vamos trabalhar as questões das Teorias de Jean Piaget:
1.      De acordo com Piaget, o aluno tem um papel passivo ou ativo na construção de seu conhecimento? Comente.
2.      Cite os períodos de desenvolvimento da inteligência humana e respectivas idades, segundo Piaget.
3.      Qual o papel da interação entre o meio e o indivíduo no aperfeiçoamento de sua inteligência?
3.      TEORIA DE VYGOTSKY
3.1. Breve Biografia
n  Lev Semenovich Vygotsky nasceu em 17 de novembro de 1896, em Orsha, cidade provinciana, Bielo-Rússia, de família judaica.
n  Seu pai, pessoa culta e trabalhava em banco e companhia de seguros. Sua mãe, professora formada, passou a cuidar dos filhos, pois Vygotsky teve 7 irmãos.
n  Estudou em casa até os 15 anos, através de tutores particulares. Gostava de literatura e artes em geral, frequentando a biblioteca familiar e a pública.
Aprendeu Alemão, Latim, Hebraico, Francês e Inglês.
n  Com 17 anos, completou seu ensino secundário, recebendo medalha de mérito.
n  De 1914 a 1917, estudou Direito e Literatura, na Universidade de Moscou, começando as pesquisas literárias, principalmente Shakespeare, que deu origem ao livro Psicologia da Arte.
n  Casou com 28 anos. Sua formação acadêmica foi interdisciplinar, tendo interesse pelas Artes, Literatura, Linguística, Antropologia, Ciências Sociais, Psicologia, Filosofia e Medicina, posteriormente.
n  Começou sua carreira aos 21 anos, após a Revolução Russa de 1917.
n  Até 1923, escreveu e proferiu palestras sobre Literatura, Ciência e Psicologia.
n  A partir de 1924, grande marco na sua carreira intelectual e profissional.
n  Fundou uma editora, uma revista literária e um laboratório de psicologia no Instituto de Treinamento de Professores, iniciando aqui seu real interesse pela Psicologia do Desenvolvimento.
n  Seu foco inicial estava centrado na questão das crianças portadoras de deficiência, como cegueira, retardamento mental severo, afasia, etc., estabelecendo os processos mentais como tema central de todo seu projeto de pesquisa.
n  Proferiu palestra no II Congresso de Psicologia em Leningrado, causando surpresa pela qualidade de sua exposição e sua proposição de ideias sobre o comportamento humano consciente, sendo convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. Mais tarde, fundou o Instituto de Estudos de Deficiências.
n  Seguindo as premissas do método dialético, procurou identificar as mudanças qualitativas do comportamento humano e sua relação com o contexto social, dedicando-se mais as áreas da aprendizagem e desenvolvimento infantil.
n  Obras publicadas, dentre outras:
n  1925 – “Os Princípios da Educação Social de Crianças Surdas-Mudas” e “O Consciente como Problema da Psicologia do Comportamento”;
n  1926 – “O Significado Histórico da Crise da Psicologia”;
n  1928 – “A Pedologia de Crianças em Idade Escolar” (estudo sistemático da vida e do desenvolvimento das crianças);
n  1930 – “Estudo Sobre a História do Comportamento”; “O Instrumento e o Símbolo no Desenvolvimento das Crianças”;
n  1931 – “A História do Desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores”;
n  1932 – “Lições de Psicologia”;
n  1934 – “Fundamentos de Pedologia” e “Pensamento e Linguagem”;
n  1935 – “Desenvolvimento Mental da Criança Durante a Educação” e “A Criança Retardada”.
n  Proposição de uma Nova Psicologia:
n  Pretendia construir sobre bases teóricas completamente diferentes, uma “nova psicologia” que sintetizasse e transformasse as duas abordagens radicais anteriores: como idealista e mecanicista, em uma teoria marxista do funcionamento intelectual humano. Sua nova abordagem deveria incluir: identificação dos mecanismos cerebrais subjacentes a uma determinada função; incluir a especificação do contexto social em que ocorreu o desenvolvimento humano.
n  Faleceu em 11 de junho de 1934.
n  Alexander Luria (1902 – 1977) foi seu principal discípulo, após sua morte.
“Vygotsky, homem de Vida Breve, faleceu aos 37 anos, vítima da tuberculose, pesquisador do ser deficiente, em suas complexas dimensões físicas, intelectuais e sociais. Amante inicial da Literatura e casado com a Psicologia do Desenvolvimento Humano; Um Estudioso de seu tempo, testemunhado por todos que buscam compreender a fascinante capacidade de aprender, do Ser Humano”.
                                                                         Mauri Gaspar  
3.2. Aspectos conceituais
O foco das preocupações de Vygotsky foi o desenvolvimento do indivíduo e da espécie humana, como resultado de um processo sócio – histórico.
 Principais concepções de Vygotsky:
1)         Relação indivíduo/sociedade:
              As características humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem é mero resultado das pressões do meio externo, mas sim resultam da interação dialética do homem e o seu meio sócio-cultural.
              Quando o homem modifica o ambiente através de seu próprio comportamento, essa mesma modificação vai influenciar seu comportamento futuro.
2)         Origem cultural das funções psíquicas:
As funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social.
3)         Base biológica do funcionamento psicológico:
O cérebro é visto como órgão principal da atividade mental.
4)         Mediação presente em toda atividade humana:
      O conceito de mediação é central no pensamento vygotskyano.
      A linguagem humana é considerada o sistema simbólico (formada por signos), fundamental na mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.
      Outro grupo de mediadores são os instrumentos, que são elementos externos ao sujeito e visam mudanças na natureza.
      A relação entre pensamento e linguagem ocupa lugar de destaque nos estudos de Vygotsky.
 
5) A análise psicológica deve ser capaz de conservar as características dos processos psicológicos, exclusivamente humanos
 
            3.3.Teoria sócio-histórica.
Vygotsky – precursor da teoria Histórico-Cultural – afirma que, ao nascer, a criança apresenta “uma única potencialidade. Potencialidade para aprender potencialidades, com uma única aptidão, ou seja aprender aptidões; com uma única capacidade e essa é ilimitada em aprender”. Como conseqüência deste processo, ocorre à gênese da inteligência.
O homem como ser histórico-cultural desenvolveu suas habilidades, capacidades e aptidões desde a Pré-História até o momento atual, criando coisas materiais (como máquinas, livros, etc.) e ainda coisas não materiais, (como hábitos, costumes, a língua, os conhecimentos, as ideias). A este conjunto de criações, Vygotsky denominou Cultura.
O resultado é que o homem se apropria dessa cultura acumulada para se constituir e modificar suas condições de vida, interferindo em sua sociedade e assim em si mesmo.
Na medida em que o homem cria e se apropria desse conjunto de objetos, desenvolveu condições para sua utilização. Assim a criança aprende a utilizar os objetos daquela sociedade, vai acumulando experiências no convívio com as pessoas. Desta forma, a criança forma sua inteligência e sua personalidade.
Para Vygotsky, o processo de desenvolvimento resulta do processo de aprendizagem. O processo de aprendizagem da cultura é um processo socialmente mediado, significando a necessidade de uma pessoa, possuidor de maior experiência, exemplificar verbalmente ou não o uso de determinado objeto.
Por exemplo, a criança se apropria das aptidões cristalizadas no lápis quando ela aprende a exercitar a atividade para a qual ele foi criado, ou seja, desenhar ou escrever.

A linguagem é o instrumento fundamental do processo de criação, sendo produzida social e historicamente; através dela, o homem dela apropria-se do conhecimento. A linguagem materializa e dá forma a uma das aptidões humanas que permite representar a realidade. Juntamente com a atividade, o homem desenvolve o pensamento e, através da linguagem, o pensamento se objetiva, permitindo a comunicação das significações e o seu desenvolvimento intelectual.

A linguagem para Vygotsky apresenta três características fundamentais:
 1º) Permite lidar com os objetos do mundo exterior, mesmo quando eles estão ausentes; 
2º) Fornece conceitos e modos de ordenar o real em categorias conceituais (abstrair e generalizar);
3º) Garante a preservação, transmissão e assimilação de informações acumuladas pela humanidade ao longo da história.
A linguagem é interiorizada, e assim induz a criança a procurar a solução de problemas, sendo a linguagem uma função intrapessoal.
O processo de aprendizagem pode ser espontâneo (observação) ou intencional (o professor). Portanto, é esse processo de apropriação que desencadeia o desenvolvimento histórico da humanidade para gerações seguintes. O homem necessita interagir com outros homens para aprender, e assim se constituir em ser humano com inteligência, personalidade e consciência.
O papel do educador (seja exercida por professores, pais, pelas gerações mais velhas, pelas crianças mais experientes) é essencial, porque estes são os mediadores da relação da criança com o mundo que ela irá aprender. Os objetos da cultura só fazem sentidos quando aprendemos o seu uso social.
As funções psíquicas como linguagem oral, o pensamento, a memória, o cálculo ocorrem primeiramente em nível interpsíquico. Num segundo momento, este processo desenvolve-se no interior da criança, em nível intrapsíquico revelando sua busca de conhecimento.
Para Vygotsky (2003), a aprendizagem e o desenvolvimento estão interrelacionados desde o primeiro dia de vida do indivíduo. Assim sua teoria oferece possibilidades para uma intervenção pedagógica.
O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) fornece à pedagogia subsídios para pensar o papel do professor e de colegas mais experientes como mediadores no desenvolvimento da criança e sua apropriação cultural.
O que é a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)?
Essa é formada pela distância entre o nível de desenvolvimento real, se caracteriza por aquilo que o sujeito já consegue fazer sem a ajuda de ninguém. O nível de desenvolvimento potencial se caracteriza pela capacidade de desempenhar uma atividade com a ajuda de um indivíduo mais experiente da cultura.
Ao atuar na Zona de Desenvolvimento Proximal, o professor auxilia o aluno, por meio de novas aprendizagens, a trazer aquilo que estava no nível potencial para o nível real.
“A implicação dessa concepção de Vygotsky para o ensino escolar é          imediata.   Se        o          aprendizado    impulsiona      o desenvolvimento, então a escola tem um papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas” (OLIVEIRA, 1993, p. 61).
Dessa forma, o desenvolvimento na perspectiva sócio-histórica é entendido como algo que se torna possível porque “o homem está imerso em uma sociedade na qual atividades instrumentais e relações sociais direcionam o desenvolvimento humano” (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2003, p. 30).
A cultura torna-se parte da natureza humana, e o homem se desenvolve à sua própria imagem e semelhança, não tendo como se separar dessa vinculação.
      O que é o Nível de Desenvolvimento Real?
      Referente às conquistas que já estão consolidadas na criança, ela já aprendeu e domina essas habilidades.
      Refere-se assim aos processos mentais da criança que já se estabeleceram e fazem parte de suas ações.
      Representa as funções já amadurecidas do comportamento manifesto e compreensão intelectual.
Por exemplo: andar de bicicleta, cortar com tesoura, Escrever seu nome, dominar o teclado do computador.O que é o Nível de Desenvolvimento Potencial?
      Referente aquilo que a criança é capaz de fazer mediante a ajuda de outra pessoa, seja adulto ou outra criança.
      Para Vygotsky, esse nível é bem mais indicativo do desenvolvimento mental do que aquilo que ela consegue fazer sozinha (LEPRE, 2008).
 Por exemplo: Uma criança de 5 anos montando um quebra cabeça com ajuda de um irmão mais velho.
Segundo Vygotsky (2003), o nível de desenvolvimento mental de um aluno não pode ser determinado apenas pelo que consegue produzir de forma independente, é necessário conhecer o que consegue realizar, muito embora ainda necessite do auxílio de outras pessoas para fazê-lo.A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) define aquelas funções que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento (VYGOTSKY, 2003).
As atividades indicadas devem estar dentro de certos limites. Algumas tarefas, mesmo com a interferência de outras pessoas, a criança não é capaz de fazer. Portanto, devem-se apresentar desafios e informações, cuja utilidade a criança começa a perceber (LEPRE, 2008).
    Por exemplo: Uma mãe ensinando um filho a falar.  Ela reage às tendências da criança, incentivando e corrigindo.
Para Vygotsky (2003), as escolas pecam ora porque propõem atividades fora dos limites da ZDP (conceitos e exigências abstratas demais), ora porque não leva em conta sua existência (ensino baseado em apenas materiais concretos e na espera que a criança esteja pronta para aprender conteúdos mais sofisticados).
Logo, temos que trabalhar com conteúdos que correspondam à situação de vida social e nível de aprendizagem em que se encontra o aluno.

4.  TEORIA DE WALLON
 Breve Biografia
n  Henri Wallon nasceu na França, em 1879. Viveu toda sua vida em Paris.
n  Antes de chegar a Psicologia e a Educação, passou pela Filosofia e pela Medicina. Wallon viveu num período marcado por muita instabilidade social e turbulência política.
n  Acontecimentos como as duas Guerras Mundiais, o avanço do Fascismo, no período entre guerras; as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África, atingiram profundamente a França. Participou ativamente de movimentos contra o fascismo e de resistência à ocupação nazista.
n  Em 1902, aos 23 anos, formou-se em filosofia pela escola normal superior. Durante o ano seguinte, deu aulas dessa matéria, no curso secundário.
n  Como professor, discordava dos métodos autoritários, empregados para controle disciplinar, bem como o patrulhamento clerical sobre o ensino, o qual levava ao obscurantismo e à desconfiança. Na época em que Wallon fez seus estudos, não existia, na estrutura da Universidade, curso específico de psicologia.
n  Impulsionado pela tradição médico – filosófica da psicologia francesa, mas também pelo interesse em conhecer a organização biológica do Homem, cursou medicina, formando-se em 1908.
    Atuou como médico em instituições psiquiátricas até 1931, atendendo crianças com deficiências neurológicas e distúrbios de comportamento. Paralelamente à atuação como médico e psiquiatra, consolida seu interesse pela psicologia da criança.
n  De 1920 a 1937, foi encarregado de conferências sobre psicologia da criança na Sorbonne. Em 1925, fundou o laboratório de psicobiologia da criança.
n  De 1937 a 1949, com interrupção no período de 1941-44, lecionou no colégio da França, instituição considerada o berço da psicologia francesa. Ocupou a cadeira de psicologia e educação da criança.
n  Durante a ocupação nazista da França, Wallon atuou intensamente na Resistência Francesa. Perseguido pela Gestapo, a polícia política dos nazistas, teve que viver na clandestinidade. Durante a resistência, envolveu-se em discussões acerca da reforma do sistema de ensino francês.
n  Ainda em 1944, Wallon foi chamado para integrar uma comissão nomeada pelo Ministério da Educação Nacional, encarregada da reformulação do sistema de ensino francês.
n  Escreveu diversos artigos sobre temas ligados à educação, como orientação profissional, formação do professor, interação entre alunos, adaptação escolar.
n  Participou ativamente do debate educacional de sua época, quando os críticos ao ensino tradicional reuniam-se no Movimento Escola Nova.
n  Em 1948, criou a revista Enfance, publicação que deveria ser também instrumento para os pesquisadores em psicologia e fonte de informações para os educadores.
n  Presidiu a Sociedade Francesa de Pedagogia, de 1937 a 1962. Nesta entidade, que reunia educadores, com o objetivo de trocar experiências e reflexões, pôde entrar em contato com o meio dos professores e com os problemas concretos do ensino primário.
n  Wallon via a escola como um contexto privilegiado para o estudo da criança. Acreditava que a Pedagogia oferecia campos de observação à Psicologia e questões para investigação. A Psicologia, por sua vez, ao construir conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil ofereceria um importante instrumento para o aprimoramento da prática pedagógica.
n  Faleceu em 1962.
“Filósofo, médico e psicólogo que, como educador, trouxe, em sua obra, toda a dimensão do desenvolvimento afetivo como interação com a realização social do Homem”. 
                                                                          Mauri Gaspar.  

4.1 - Aspectos conceituais
n  O projeto teórico de Wallon, em sua vertente de psicólogo, é a psicogênese da pessoa, isto é, estudar a gênese dos processos que constituem o psiquismo humano. Através do estudo da criança, concentrou sua pesquisa nas fases iniciais da infância, com a intenção de compreender como vai se articulando, a complexidade de campos e de fatores que constitui o psiquismo humano, tendo ressalvado seu limite, que é estudar o campo da consciência (LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992). 
n  Elaborou uma teoria do desenvolvimento cognitivo que está centrada na psicogênese da pessoa completa.
Ao definir a inteligência, Wallon a concebe como genética e organicamente social, ou seja, o ser humano tem a sua estrutura orgânica intimamente ligada aos fatores sociais e culturais para se atualizar. “Os limites da criança são de origem fisiológica, enquanto que, em cada época, os do adulto dependem das condições históricas e culturais” (WALLON, 1989, p. 11).
Nas crianças, no entanto, o pensamento está inicialmente submetido às questões de natureza fisiológicas.
Buscando compreender o psiquismo humano, volta sua atenção para a criança, entendendo que através dela é possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos. De uma perspectiva abrangente e global, investiga a criança nos vários campos de sua atividade e nos vários momentos de sua evolução psíquica.
Centraliza seu desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nas diferentes etapas, os vínculos entre cada campo e suas implicações, com o todo representado pela personalidade manifesta.
A Teoria de Wallon propõe cinco estágios no desenvolvimento do ser humano: 
1ª -  O impulsivo-emocional, primeiro ano de vida, com predominância dos aspectos afetivos, em que o bebê apresentará sua primeiras reações à pessoas, às quais são consideradas mediadoras da sua relação com o mundo físico.
É um estágio de construção do sujeito, onde o trabalho cognitivo está latente e indiferenciado da atividade afetiva. Conflito de natureza endógena, ou seja, natureza interna.
2ª - O sensório-motor e projetivo, até por volta do terceiro ano, em que surge a inteligência prática e que a criança poderá dedicar-se à construção da realidade. Por meio da aquisição da marcha, a criança ganha maior autonomia para explorar objetos físicos e espaços. Também nesse estágio ocorre o desenvolvimento da linguagem, possibilitado pela construção da função simbólica que, inicialmente, projeta-se em atos, por isso a denominação de projetiva. Predominância funcional cognitiva. Conflito de natureza exógena, ou seja, natureza externa.
                     O personalismo do terceiro ao sexto ano, que se refere ao período da formação da personalidade. Neste estágio desenvolve-se a consciência de si mesmo, mediante as interações sociais com os outros. Exploração de si mesmo, inicia com maior frequência o emprego do pronome Eu, com predominância afetiva, revelando conflito de natureza endógena.
                     O categorial do sexto ao décimo primeiro ano, no qual a diferenciação da personalidade revelada e conquistada no estágio anterior possibilita grandes progressos intelectuais. Cresce o interesse pelo conhecimento como um todo. Construção das capacidades de seriação, classificação e categorização. Predominância das relações cognitivas.
Os sentimentos são elaborados no plano mental. Conflito de natureza exógena.
                     O da puberdade e adolescência a partir do décimo primeiro ano, que é um estágio repleto e fecundo em conflitos de várias formas em sua vida. Retomada do conflito dualista, eu-outro, próprio da expansão da personalidade, agora desencadeado pela crise puberdade, fator fisiológico de forte referencia maturacional.
 Exploração de si mesmo com uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto, auto-afirmação e questionamentos. 
Estagio de Predominância afetiva. Conflito de natureza endógena.
 Apesar da proposição de estágios de desenvolvimento, Wallon afirma que há extrema dependência e estreita relação entre eles e que a criança é um ser integral. Para ele, estudar a criança, além de trazer compreensões sobre o psiquismo humano e sua evolução, contribui de forma significativa para referenciar os aspectos intelectuais e sociais que compõe sua Educação.
4.1. Teoria da emoção
Na psicogênese de Wallon, a dimensão afetiva ocupa um lugar central, tanto do ponto de vista da construção quanto do conhecimento. Ambos se iniciam no período denominado impulsivo-emocional e se estende ao longo do primeiro ano de vida (GALVÃO, 2011).
Neste momento, a afetividade se reduz, praticamente, a manifestações fisiológicas da emoção, que constitui, portanto, o ponto de partida da psique.
Nessa tentativa de olhar a criança de um modo integrado, Wallon vai delinear quatro campos, chamados  de campos funcionais, sobre os quais a teoria vai fornecer os elementos de compreensão, entre eles:
                    O MOVIMENTO
O movimento, esse é o primeiro sinal de vida psíquica, que dá a criança ao nascer, uma dimensão que vai permear todas as idades e todos os campos. É interessante destacar que, no estudo do movimento, Wallon discrimina duas dimensões: a primeira é dimensão mais expressiva, que é o movimento que não significa deslocamento necessariamente, mas que é a expressão que está na base das emoções. E a segunda é a dimensão do movimento instrumental, isto é, o movimento mais comumente estudado, que é de ação direta sobre o meio físico, o meio concreto, o meio em si.
Quanto à dimensão expressiva do movimento, muitas vezes, consideramos o movimento como algo que atrapalha. Quer dizer, é comum, em sala de aula, pensar que, para a criança aprender, ela tem que estar imóvel, tem que estar sentada, quieta sem se mover, etc.
Se formos integrar essas questões mais teóricas acerca do movimento, e mesmo se começarmos a afinar nosso olhar sobre o movimento, veremos que é o contrário, pois muitas vezes, graças a essa dimensão mais expressiva do movimento, pequenos gestos, interações com os colegas, etc., que a criança consegue aprender. Nesse sentido, impedir a criança de se movimentar, ao invés de favorecer que ela aprenda, pode impedir que ela aprenda. Afinal aprender é mover algo em um campo dinâmico.
O movimento sustenta o pensamento. O educador compreende a criança por força de seu movimento. Afinar o olhar sobre o movimento ajuda o professor a crescer com seus alunos. Não existe aprendizagem sem movimento, e assim essa relação se aplica ao ato de interação com o comportamento que  pode facilitar a relação professor aluno.
                    AS EMOÇÕES
Wallon destaca um tipo específico de manifestação afetiva para estudar mais a fundo, que são as emoções.
Por que ele vai estudar as emoções? Justamente por serem as emoções as primeiras manifestações afetivas que compõem, que estão presentes e que se constituem na criança. Para ele as emoções são um fator fundamental de interação da criança com o meio social no qual está inserida.
Quando fala em estudo das emoções, está se referindo a um tipo específico de manifestação afetiva. Portanto, as emoções se inserem num campo maior, que é a afetividade e sua expressão como um todo, e o que isso implica na vida dinâmica da relação entre professor aluno. Logo não se pode atuar na educação sem o avaliar o campo afetivo, produzido por essa relação.
Você como professor demonstra seu afeto por seu acadêmico?
Seu aluno demonstra afetividade em sua aula?
Analise essas questões para poder melhorar seu rendimento profissional diante do educando.
Assim várias são as peculiaridades das emoções na atividade educacional, dentre elas as manifestações afetivas que se expressam e que são visíveis para o outro, e que mais claramente, identificáveis pelo próprio sujeito, que têm uma variabilidade intensa e frequente, acompanhada de modificação no próprio funcionamento orgânico do corpo, alterando sua postura.
Para compreender os sentidos das emoções no desenvolvimento humano, é necessário olhar os primórdios da vida humana, as primeiras situações e reações do recém-nascido. Ele é desprovido de capacidade que lhe possibilitem agir diretamente sobre o meio físico. Esse estado de imaturidade ocorre, porque ainda não consegue pegar a mamadeira sozinho, e demais comportamentos, revelando sua dependência em busca de maturidade, visando elaborar esses estágios e assim possibilitar seu crescimento.
Ao mesmo tempo, que o bebê tem essa imperícia, do ponto de vista das condutas, que possibilitariam a ele agir diretamente sobre o meio físico, ele é dotado de uma enorme expressividade, isto é, toda uma gestualidade, que, no começo, é disparatada, desintegrada, desarticulada e parece sem sentido. O próprio choro, como uma manifestação emocional de uma força intensa, tem uma expressividade muito grande. Nesse sentido, vemos como o bebê é eficaz, porque ele é capaz de mobilizar toda uma família, com o seu choro, por exemplo. E essa mobilização dos outros que decorre disso, explica-se segundo Wallon, pela natureza contagiosa, com a possibilidade de contágio inerente às manifestações emocionais.
Olhando a emoção, nesses primórdios, Wallon percebeu que a função das emoções é, principalmente, uma função social, que é justamente possibilitar a interação da criança com o meio social. E, nesse sentido, o primeiro meio com o qual a criança interage não é o meio físico dos objetos, mas é o meio das pessoas, dessa forma sua maturidade cognitiva se expande a partir dessa interação.
Então, essa ligação profunda da criança pequena com as pessoas, com quem ela convive, sobretudo com as pessoas das quais ela depende, isto é, a relação de dependência da criança com os parceiros mais experientes, mãe, pai, ou outro responsável, compõe também este quadro, no qual essa manifestação expressiva tem essa função de interação e de ligação com o outro, revelando a importância desse convívio, revelando a força do encontro humano para o bem estar da vida e sua maturidade.
As emoções são o primeiro recurso de interação da criança com o meio social, por isso, elas têm um papel fundamental, o que permite ao recém-nascido da espécie humana se emergir no meio social e desta forma, ter, por exemplo, acesso à linguagem. Logo a emoção se faz presente na linguagem, sendo um recurso fundamental de estruturação do pensamento e construção de si. 
                   A INTELIGÊNCIA
Na teoria de Wallon, tem vários elementos interessantes também para compreender o desenvolvimento da inteligência. 
A inteligência é um campo abrangente, e em sua teoria ela vai se destacar naquilo que ele chama inteligência discursiva: a inteligência que se expressa e que se constitui por meio da linguagem, por meio verbal.
Para ele, a inteligência nasce da emoção. E assim a apropriação da linguagem é a apropria do conhecimento. Porém o gesto corporal se movimenta em linguagem a um objeto. E para Wallon, isso mostra a relação entre inteligência e movimento, contemplando o significado de uma emoção. 
                    PESSOA
O quarto campo, a pessoa,  é o meio que articula todos os demais, mas também é um campo independente.
Ele explica que ao longo do desenvolvimento humano, vai se construindo a noção, para cada sujeito, de si mesmo, diferente do outro, a noção de eu e consciência de si no mundo.
A relação entre esses quatros campos funcional (o movimento, as emoções, inteligência e pessoa) nem sempre é de harmonia, porém é dinâmica e evolucionista.
 Em muitos momentos essa relação é marcada pelo conflito, pelos antagonismos, embora cada um desses campos seja inseparáveis uns dos outros, no entanto necessários para a busca da maturidade emocional.
Além de tentar ver a criança de forma integrada, esse olhar teórico vai buscar enfocá-la de modo contextualizado, a pessoa inserida nos seus meios, nos seus contextos de atuação.
Portanto, a atitude teórica de Wallon, está alicerçada nesses quatro princípios, Movimento, Emoção, Inteligência, Pessoa, assim ele procurou compreender o sentido de uma conduta, em função dos contextos, em que essa conduta está inserida e o resultado que a mesma possa produzir diante da pessoa e assim da formação da sociedade. 

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