sábado, 20 de junho de 2020

Educação Familiar, Formação Humana e Processo Existencial.



“ A vida é bela, mas também pode ser muito cruel e difícil para algumas pessoas. Em algumas situações, por mais extremas e desesperadoras que possam parecer, devemos manter o pulso firme e o equilíbrio mental, pois esta é a melhor maneira de conseguir enxergar a luz no fim do túnel!"
Sigmund Freud

As famílias têm se modificado em sua composição, forma, visto que antigamente eram compostas de Pai, Mãe e filhos. Atualmente essa concepção foi modificada como sinaliza a Sociologia por meio da Antropologia e a Psicologia através da Psicologia Social. Essas ciências estudam questões que revelam como a sociedade está organizada em suas formas de relacionamentos humanos e institucionais.
Hoje existem inúmeras composições familiares, pois observamos famílias de pais separados, onde os filhos passam a ser educados diante da proximidade e dos distanciamentos de um dos pais biológicos e assim passam a conviver com padrastos ou madrastas, ou ainda pais afetivos, que adotam de forma emocional a chegada de novos filhos em suas vidas, mesmo não tendo o registro em seus nomes. Por outro lado, existem homens e mulheres que sozinhos criam seus filhos ou adotam pessoas de seu ambiente familiar ou comunitários, e ainda temos casais homossexuais masculinos ou femininos que educam os filhos biológicos de um dos cônjuges já existentes, ou passam a buscar através da adoção jurídica crianças institucionalizadas, objetivando criar como filhos afetivos, ampliando os laços afetivos vividos pelo casal.
E aqui Jean-Paul Sartre me permite afirmar que: “Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é igualmente infinita em todos”.
Nossas famílias mudaram e todos precisamos acompanhar essa nova construção social, o que por si só suscita uma ampla compreensão de cidadania aonde o respeito a qualquer forma de família acima descrita tem o amparo constitucional e seu reflexo no Código Civil Brasileiro, onde nenhuma forma de preconceito pode ser vivenciada através de expressões escritas ou verbais no sentido pejorativo ou discriminatório, o que poderá acarretar punições estabelecidas no Direito Civil amplamente sedimentado pela jurisprudência brasileira.
Seguindo a questão jurídica, cabe a família à educação de seus filhos, visto que ela é responsável em repassar seus valores culturais, éticos e espirituais, além de assegurar condições de moradia, segurança, alimentação e afetividade, objetivando possibilitar amplas condições para um desenvolvimento humano e social mais saudável possível, compreendendo ainda aspectos físicos, materiais e mentais.
          Sigmund Freud nos ensina: “Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!
Ressalto que o amor familiar é um sentimento que muito pode ajudar na maturidade ou imaturidade de uma pessoa, pois parte de seu comportamento será dosado a partir do respeito, alegria, tristeza, valorização pessoal, experiência social e inúmeros outros elementos produzidos pelos vínculos afetivos vivenciados, neutralizados ou negados.
           Portanto para compreendermos o comportamento manifesto de uma pessoa, precisamos abandonar os elementos preconceituosos e buscar entender como ocorreu ou ocorre tal manifestação, visto que esse processo de educação familiar irá refletir parte de suas atitudes e para isso precisamos analisar sua história de vida, o que chamamos de anamnese.
Iniciamos o estudo de anamnese através da concepção genética, visto que traços físicos e manifestações emocionais de nossos pais, avós e bisavós, são compostos por informações hereditárias, ou seja, passadas para seus descendentes e que irá compor o chamado código genético, o DNA de cada pessoa.
Observe que em toda família existe alguém que puxou o temperamento do pai, ou da mãe, avós e bisavós tanto materno quanto paterno, sendo que esses traços emocionais são expressivos no dia a dia da convivência pessoal e familiar. Também, mantemos traços físicos, como por exemplo de cabelos, cor da pele, altura proximal, além de desenhar, pintar, consertar coisas, tocar instrumentos musicais, gestos corporais, etc.
Como a família educa, ela influencia a sociedade e na formação da pessoa humana, cabendo orientação quanto ao processo escolar de seus dependentes, pois é atribuição dos pais ou responsáveis legais matricular seus filhos nas escolas mais próximas de sua casa, sendo deles a liberdade de escolha a essa questão. Porém, os filhos devem estudar, isso é uma obrigação prevista na Constituição Federal de 1988, e no Estatuto da Criança de Adolescente – ECA - 1990, bem como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB- 1996.
No ambiente escolar, começa um novo ciclo de socialização e ampliação dos nossos comportamentos, experiências que trazemos de casa para a escola e também passamos a assimilar e interagir com outros comportamentos, sendo esses praticados pelos professores, colegas de salas e a disciplina própria escolar.
Essas situações ajudam na construção de um alicerce de vida pessoal, que poderá possibilitar transformações saudáveis e ou dificuldades afetivas a partir da infância e adolescência, podendo ainda acarretar reflexos comportamentais determinantes na vida adulta ou na terceira idade.
Dessa forma a educação de um indivíduo se expressa na sociedade a partir dos reflexos de inúmeras maneiras de aprendizagens vivenciadas, sendo seu meio social responsável por parte de seu comportamento manifesto, porém é necessário observar a ação intrínseca pessoal.
Com isso, é imprescindível dizer que o meio social interfere na construção de uma personalidade, porém não é totalmente responsável pela ação humana, visto que outros fatores subjetivos e objetivos estarão presentes em suas manifestações.
Desse modo, a formação da personalidade de uma pessoa será expressa pela educação recebida em seu meio social e de outros fatores conscientes e inconscientes que também deverão ser analisados para que possamos compreender sua natureza singular. 
A dinâmica da personalidade permite que o Homem possa viver em aprimoramento constante e para isso ele deve ser estimulado, pois não existe limite físico ou intelectual para a aprendizagem, visto que a idade cronológica não é um fator que o impeça de aprender. Se a aprendizagem não estiver ocorrendo naturalmente é possível que existam fatores neurofisiológicos que devem ser investigados por um profissional de saúde, e posteriormente ao diagnóstico, outros profissionais poderão compor esse processo de tratamento.
Sartre nos diz: “O homem deve ser inventado a cada dia.”
A personalidade pode ser entendida como um processo que se constitui e desenvolve ao longo da vida humana, visto que o indivíduo cresce durante toda sua existência, aprendendo e ensinando com seus momentos de vida e sempre se tornando apto as novas experiências em seu meio social como um todo. 
Aqui Freud nos sinaliza que: "Só a experiência própria é capaz de tornar sábio o ser humano".
Se aprender é possível para o ser humano, então a educação em todas as suas formas de vivência não é a única responsável pela sua liberdade ou escravidão intelectual, visto que ele intrinsecamente sempre tem uma escolha, uma possibilidade de mudar, mesmo que tudo esteja difícil, ainda existe algo que ele pode e deve fazer para se realizar.
Diante de suas dores existenciais, o humano ainda é um ser de autorregulação emocional, sendo esse um processo que coloca as emoções para inibir impulsos e construir respostas adequadas evitando o estresse, a ansiedade, pânico, modificando seu estado de saúde mental, propondo novas tomadas de decisões, ampliando assim as condições de resolutividade.

E aqui preciso lembrar o poeta Fernando Pessoa:
“ Navegar é preciso, viver não é Preciso”.

Navegar é preciso, por isso precisamos de um norte, um horizonte, um movimento, porém, viver não é preciso, visto que caminhamos com dúvidas eternas.

Tem sempre algo que não sabemos, que pode ou ainda poderá nos acontecer, porém, uma coisa é certa, vai acontecer...

Saber lidar com esse novo tempo é vitalizador para nossa saúde física, mental e espiritual.

Seja qual for o nosso próximo momento, espero que estejamos preparados! 

                                             Vai acontecer...