sábado, 5 de fevereiro de 2022

Dia de Iemanjá, um pensar contra o preconceito religioso


                                   Dia de Iemanjá, um pensar contra o preconceito religioso.


                  Hoje, 02 de fevereiro de 2022. Não sei o que representa no jogo do bicho, porém uma coisa é certa, é o dia Iemanjá, uma entidade de forte referência no Candomblé, Mina e Umbanda, além de Exú, Oxolá, Ogum, Oxóssi, Xangô e Iansã, Essas entidades no Brasil são os mais frequentes nos rituais. 

                  Essa entidade feminina tem o Mar como sua residência eterna e assim se destina à proteger todos os navegantes que precisam de sua energia vitalizadora e espiritual. 

                  Para compreendermos o que isso representa no pensamento e na fé afro descendente, convido você imaginar comigo que estamos sendo embarcados, na marra, no porão um navio sem conhecemos ninguém e que além de acorrentados corporalmente, também estamos sendo humilhados em nossas almas, pois não queríamos estar passando por isso tudo que agora tomamos consciência de ser um jogo desumano e bastante violento, pois além de estarmos aqui presos sem o menor respeito aos nossos corpos, ainda lembramos dos gritos das demais pessoas e nossos parentes no momento da invasão do local de nossas moradias e que eles, os invasores, chamam de tribo. Uma coisa é certa, estamos presos, não sabemos para onde iremos, mas temos plena convicção de que nossos parentes que resistiram em sua grande maioria foram assassinadas. 

                  Continuamos usando nosso imaginário... E então sabemos agora que essa invasão em nosso território representa um jogo de interesse comercial batizada de escravatura, ou seja, a partir desse momento somos escravos, somos mercadorias humanas, e como toda mercadoria, estaremos expostos em um ambiente público em que as pessoas com dinheiro ou patrimônios vantajosos irão nos apreciar e farão escolhas, que consumadas, virá de uma vontade de fora pra dentro neutralizando minha possibilidade de escolha, e a partir daí não teremos mais direitos nem de caminharmos livremente, degustar alimentos de nossas escolhas, e talvez de nunca mais voltarmos a ver nossos pares afetivos e nossas casas, e nem à nossa pátria... 

                  Porém uma coisa certa, eu e você lutaremos para não manter nossa fé que se caracteriza por nossos orixás e erês, temos mais de quatrocentos, pois nossas entidades são e serão sempre nossas soberanas espirituais, pois não nos abandonam, visto que se permitem manifestar incorporadas em nossos corpos, e assim também deveremos não deixarmos manter o apreço musical e cultural de nossas danças, visto que nossos ancestrais nos ensinaram e sempre determinaram que deveríamos seguir, independentemente de onde quer que estamos vivendo, pois essa é ação subjetividade de nossa alma e que não estar e nem nunca estará à venda, visto que nossas almas terão que resistir a esse outro Deus e outras culturas, em função de que somos um povo que acredita no culto politeísta, onde Deuses múltiplos e poderosos expressam-se no universo natural. 

                  Agora saindo do imaginário, voltando para a nosso realidade, essa demonstra que vivemos em um país cruel por ser repleto de preconceitos, e por isso precisamos combater essa estupidez de discriminarmos as religiões afro descendentes, visto que elas não surgiram pela demonização da fé, mas sim para expressar relações de passados distantes onde os conhecimentos ancestrais passaram por inúmeras gerações e ainda continuam e continuarão existindo. O embarque das pessoas não trouxe apenas corpos, mas toda essas situações de cultura e de espiritualidade.  

                   O Brasil é um Estado Democrático e Laico de Direito,  por isso devemos conversar e conservar à identidade cultural e ancestral de todos que vivem em nosso país, independentemente de suas religiões. Esse direito constitucional nos coloca em plena liberdade para pensarmos e assim combatermos esse arbítrio predador que é o preconceito, pois somos um povo multicultural desde do inicio de nossa colonização, e hoje precisamos nos permitir um país melhor, que produz harmonia civilizatória para os dias atuais.. 

                 O navio trouxe pessoas e culturas, não podemos tolerar o preconceito religioso.📚🌹

                   


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