quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Elementar Meu Caro, Rogério Boueri, Economista do IPEA e Professor da Pontifícia Universidade Católica de Brasília.

Você olha o Estado do Pará por números, não está vendo as pessoas em suas localidades, seus municípios e suas precárias condições sócio-econômica-cultural. Você olha pela tecnocracia habitacional e geográfica e assim diz que O Estado do Pará ficará com 71% da população atual, estimativa de 7,5 milhões de habitantes. Carajás ficaria com uma população de cerca de 1,5 milhões de pessoas, e você diz que o Futuro Estado do Tapajós, pouco mais de 800 mil, tendo como fonte o IBGE. A Questão é: será que nós, habitantes do Estado do Pará, não sabíamos desses seus dados, precisávamos do senhor, economista do IPEA e Professor da honrada PUC, dizer isso para os paraenses...

É verdade, quando se vê um número se imagina o real, porém quando se vê o real o número não parece ter expressão, visto que quando algum noticiário escreve que morreram três pessoas da mesma família em um acidente de carro, por exemplo, esse número parece até inexpressível para um Estado que mal tem estradas para se trafegar com segurança e cidadania, agora esse mesmo número três amedronta e demonstra sua monstruosidade quando ele se refere à família de quem está ouvindo o noticiário. Assim o real do número não é os três apenas ele por si só, mas o que isso representa diante da dor dos que estão vivendo essa realidade. O Estado do Pará deverá ser divido por três, tornando-se Pará, Tapajós e Carajás, a questão é como ficam a qualidade de vida das famílias que residem nesse estado continental.


O número de habitantes maior do Estado do Pará está na área geográfica, Belém, que durante todos esses séculos de sua fundação, permitiu que ali existisse uma perspectiva maior de sobrevivência e qualidade de vida do que as áreas mais distantes da capital. Logo essa densidade geográfica perversa é oriunda de um amplo fator de dificuldades de sobrevivência e qualidade de vida, visto que no Estado do Pará atual, você pega um Vôo Boeing de Belém para Marabá ou Santarém, e essa distância significa o mesmo que sair de Curitiba para São Paulo, porém a diferença dessa quilometragem só sente quem conhece a região, viajando de Barco, carro, ônibus ou van dentro desse Estado.

Acredito que você não se sentiria bem ao se defrontar com as precárias condições dos aeroportos das cidades de Santarém e Marabá, e se sentiria pior ainda, ao descobrir a ausência do Estado, e para isso basta um aneurisma cerebral em um desses aeroportos, visto que o Estado do Pará não tem hospitais capazes de lidar com situações graves nessas regiões. Por falar em hospitais, no interior do Estado, inúmeras famílias imploram por vagas nos hospitais de Belém para tratar seus entes queridos de câncer ou qualquer outra doença mais grave, visto que assistência do interior se resume em sua maioria em áreas clínicas da medicina. Elementar meu caro Rogério Boueri.

O que são os números diante da desgraça dos miseráveis e pobres do Estado do Pará, talvez apenas estatísticas de guerra, pois nós sabemos que nas guerras só morrem os pobres, quanto aos miseráveis, a desnutrição trata de matá-los. Marx chamava de classe operária, se o senhor me permite falar desse grande filósofo que a economia global diz que está morto, como se as classes sociais estivessem sido extintas, porém os defensores da ordem econômica só não sabem dizer como resolver os problemas atuais, visto que essa economia próspera, a dos números, a que o senhor revela conhecer em seu artigo, do qual causa a impressão ao revelar a força dos bilhões seja em reais ou em dólares, só não sendo capaz de ser aplicada para sequer minimizar a forte desigualdade social que ocorre no Estado do Pará. Para o senhor, pelo menos é o que entendi a partir da leitura de seu artigo, os números falam sempre a verdade, só ninguém percebe que a crise econômica mundial está aí na nossa porta, com a indústria já anunciando cortes nos postos de trabalhos para o primeiro trimestre vindouro, e o seu instituto é aquele que disse que a crise econômica mundial seria apenas uma marolinha, que pena saber que ela ainda não passou, elementar meu caro Rogério.

Esta crise econômica mundial, logo também brasileira, está levando nações inteiras ladeira abaixo por força das suas dívidas públicas e previdenciárias, além de ofertar um imenso buraco dos juros, para aquelas que queiram recorrer a empréstimos financeiros. É verdade, juros são calculados para que as nações endividadas possam sair de suas crises econômicas, e quanto às pessoas elas terão que se adaptarem as mudanças, afinal o homem é um animal que se adapta as mudanças, acredita o capitalismo mundial, porém se fossem outras espécies de animais essas prefeririam ser extintas a se adaptar e apenas sofrer.

No cenário mundial, ofertam-se as esperanças a inúmeros cidadãos, que ao pagar suas dívidas vão pagar grande margem de juros, pois esse é o mundo econômico global atual. Mudança só a favor do capitalismo e nunca contra ele, pois as pessoas não são mais importantes do que o Lucro. É muita ousadia o Estado do Pará querer se dividir em três territórios federados, aumentando o endividamento da nação brasileira. O Brasil está preocupado em construir estádios de futebol para a copa do mundo e centros esportivos para as olimpíadas, além é claro do trem bala entre Campinas-SP e Rio de janeiro, obra estimada em 56 bilhões de reais, porém, pena que nenhum desses eventos da chamada nação brasileira, será no Pará, pois daqui, desse estado, só interessam os minérios e as hidroelétricas gerando divisas e riquezas ao Brasil, o resto, é longe de mais para se investir nesse território, rico em matérias primas, mas estigmatizado nacionalmente.

Assim, o modelo econômico não mudou, prevalecendo à máxima do lucro, pois é isso que faz o capitalismo ser tirano para a sociedade do terceiro mundo, ou dos emergentes como agora batizaram o Brasil. No entanto, os bilhões que o senhor revela em seu artigo, não se limitam ao que os novos estados terão como PIB Industrial e da área de Serviço. Pois preciso que você analise o quer dizer quando diz que os Estados nascem díspares em relação ao PIB de cada um, ao apresentar os números. E aqui me cabe outra questão, você Rogério, conhece na história econômica do Brasil ou do mundo algum Estado ou Nação que nasceu em igualdade de condição econômica de outra? Se souber me avise, não estudei esta parte em História Geral e nem em Historia do Brasil. Pode ser que seja um segredo de seu honroso Instituto, mas se for me dê o caminho, preciso aprender...

Elementar meu caro Rogério Boueri, sei que para o capitalismo o que importa é o Lucro, a maioria das pessoas no mundo são soldados a serviço dos capitães da indústria mundial e estes estão à frente de suas nações às vezes manipulando dados do conhecimento científico, divulgando apenas o que interessa junto a seus patrocinadores, se isso não fosse verdade não existiria quebra de Bancos Financeiros subitamente e seus Diretores não seriam considerados fraudadores nacionais e até universais, pois instruir o homem é perigoso, fazê-lo pensar é mais ainda.









Por isso espero que você tenha um dado muito significativo para falar da renda dos municípios do Estado do Pará, pode buscar junto ao seu renomado Instituto ou quem sabe no IBGE, mas diga a verdade, de preferência antes do Plebiscito, para que a Democracia possa ser vivida de forma ampla, nesse Estado continente visto que possui 143 municípios, sem a separação. A questão é, mas, por favor, fale a verdade, atualmente quantos dos municípios paraenses têm rede de água e esgoto, o chamado saneamento básico, e que essa água possa ser consumida sem risco de vida para os habitantes do gigantesco Estado, interferindo de forma decisiva no estado básico da saúde de sua população? Por sinal, o IBGE acaba de divulgar que apenas 40% do Estado do Pará, possuem nas áreas urbanas, algo próximo de um Saneamento Básico. Porém, preciso lembrar-te que esse mesmo Estado tem um índice elevado de prostituição infanto-juvenil nos municípios mais pobres, e que os índices educacionais paraenses tanto no ensino fundamental, médio e superior estão abaixo do nível regular nas avaliações do Ministério da Educação, contamos com precárias condições carcerárias, alto índice de violência urbana, hospitais sem a menor capacidade de atendimento das demandas vindas do interior, e aqui deixo claro que se trata de municípios que ficam a mais 4 horas de transporte, seja ele qual for. Você sabe o que é isso na sua realidade, como cidadão? Elementar meu caro Rogério Boueri.





Porém, Você sabe que a violência tem inúmeras Faces, e que hoje a Violência dos Ternos é a que mais nos amedronta por força de sua impunidade, articulando o alto índice de corrupção em todas as esferas institucionais brasileiras. Essa SIM deveria e deve ser combatida por todos nós que estamos preocupados com o desenvolvimento da qualidade de vida, não só do Estado do Pará como de qualquer outro Estado Brasileiro.

O Estado do Pará é o penúltimo no ranking brasileiro em desenvolvimento federativo, superando apenas o Estado de Alagoas, perdendo para o Piauí, Maranhão e Amapá, não estou aqui desprezando outros Estados, mas SIM mostrando nosso Estado Precário Social.

Falta-nos crescimento educacional para nos permitir pensar em crescimento econômico, visto que o Homem é capaz de produzir, porém precisa aprender.
A Divisão do Estado vai trazer três Universidades Federais e Três Estaduais, dentro de um território continental, isso significa possibilitar desenvolvimento humano, pois quando a Educação se Amplia o Homem se Dimensiona, além de possibilitar novos concursos, em diferentes áreas para suprir as demandas dos novos Estados, possibilitando empregos a inúmeros jovens que precisam incluir-se em uma sociedade que remunera o capital intelectual, mas não pode remunerar a falta de perspectiva de vida atual. Nós paraenses não queremos “Bolsas, queremos cidadania em seu sentindo mais amplo, ou seja, no sentido Constitucional.

Só não posso esperar de você, enquanto acadêmico, que diga o que aqueles que são contra a divisão do Estado estão dizendo, que dividir o Pará é apenas aumentar as despesas da Nação com novos cargos de Governadores, Senadores e Deputados, visto que para nós, Professores a Democracia é o berço da cidadania, sendo o instrumento legítimo que possibilita em tempo real o combate à máscara social chamada hipocrisia ideológica da classe dominante partidária.

Afinal, Rogério, VOCÊ tem FOME de quê?

Fale sobre isso, visto que nossos escritos acadêmicos, são repletos de nossa convicção, não sendo permitida de forma alguma a neutralidade científica, apenas a opinião do autor, precisamos de números humanos, que falem do valor da vida, e não apenas de números econômicos sobre a ordem do capitalismo moderno ou contemporâneo, aliás, não importa como quero chamar o capitalismo, pois para seus ferozes defensores, só existe uma ordem, o LUCRO, e essa é a ORDEM, mas para não me permitir essa afirmativa dominante me debruça e contempla Caetano Veloso, que diz:

“alguma coisa está fora da ordem,

alguma coisa está fora da Ordem Mundial...”.

Elementar meu Caro Rogério Boueri.


Mauri Gaspar

Psicólogo e Professor



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