sábado, 22 de janeiro de 2011

Psicologia: Uma ciência Psicossocial.


A Psicologia é uma das concepções científicas atuais que vem ganhando espaço acadêmico, revelando que o psicólogo é um profissional indispensável à sociedade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é o “estado de bem-estar físico, mental e social”. Partindo dessa concepção, ao falarmos de saúde, estamos analisando um conjunto de condições criadas coletivamente, que permitem a continuidade da própria sociedade no que se refere qualidade de vida. Estamos analisando então, condições como: alimentação, habitação, educação, lazer, etc. Nesta perspectiva, o psicólogo como profissional de saúde, deve empregar os seus conhecimentos na promoção de condições satisfatórias de vida, na sociedade em que vive e trabalha, isto é, em que está comprometido como cidadão e profissional. Seu trabalho está relacionado às condições gerais da vida de uma sociedade, embora trabalhe enfocando a objetividade e subjetividade dos indivíduos e suas manifestações comportamentais de modo indissociável.
Assim, a Psicologia quando trabalha com o sofrimento psíquico oferece técnicas psicoterápicas, de natureza verbal e/ou corporal, que devem objetivar a cura de tal sofrimento, podendo associar o uso de medicamento, sendo essa atribuição exclusiva da medicina, visto que ao psicólogo é vetado prescrever medicamentos de qualquer natureza. Assim, a prática do psicólogo como profissional de saúde irá caracterizar-se pela aplicação dos seus conhecimentos no sentido de uma intervenção específica junto aos indivíduos, grupos ou instituições, com o objetivo de promover o auto-conhecimento, desenvolvimento interpessoal, grupal e institucional, numa postura contínua e interdisciplinar de promoção da saúde holística.
Porém é necessário esclarecer que o objeto de estudo da Psicologia é o Homem, constituído primariamente da diversidade sócio, político, cultural e das demais ciências interdisciplinares. Logo, essa diversidade que constitui o homem, implica em o homem diante de si, pois o objeto de estudo sendo o Homem, isso reflete na natureza do próprio pesquisador. O Pesquisador é o Homem. Neste sentido, para que o pesquisador não se confunda com o “semelhante” de sua pesquisa, correndo o risco de “contaminar” o objeto por ele estudado, muitas escolas de Psicologia defendem que diante da necessidade de formação teórica, cinco anos na maioria das universidades brasileiras, que o estudante de psicologia busque conhecer-se, para isso se propõe que faça psicoterapia, visando ampliar seu conhecimento pessoal e assim melhor definir sua personalidade, objetivando abraçar uma referência teórica que mais se ajuste a seus valores pessoais.
Isso ocorre porque há diferentes concepções de homem entre os cientistas, oriundos de estudos filosóficos, teológicos e até mesmo doutrinas políticas, que acabam definindo o homem à sua maneira, sendo que o cientista necessariamente se vincula a uma delas, visto que sua formação é fruto de reflexões teóricas diversas proporcionadas pelo ambiente cultural, o qual foi criado.
Posso afirmar então, que a psicologia enquanto ciência estuda esses “diversos homens” concebidos pelos valores teóricos em que se encontram como pessoa, com seu aspecto profissional sendo norteado por sua teorização de vida, refletindo em sua formação acadêmica e discurso profissional.
Outros aspectos importantes para se entender o homem, e que diferencia a psicologia das demais ciências que o estudam, como a Economia, a Política, a História, etc, é sua forma de enfocar o estudo da subjetividade, visando à compreensão total da vida humana, apesar desse conceito não ser aceito em todas as escolas de Psicologia. Porém, como eu aceito, e faz parte de minha formação, vamos falar um pouco desse conceito.
A matéria-prima da Psicologia é o homem em todas as suas expressões, as visíveis (comportamento manifesto), as invisíveis (sentimentos), singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos assim). O homem habita seu corpo, constrói seu pensamento, expressa seu afeto, manifesta seu comportamento através da ação, e tudo isso se pode sintetizar no termo subjetividade.
A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo, não sendo inata, e sim resultado da experiência de vida social e cultural. A subjetividade é o que torna um sujeito singular, pois como diz Djavan: “só eu sei, as esquinas que passei, só eu sei”.
Esse mundo social e cultural, me leva ao encontro do alicerce de meu mundo interior, revelado a partir de minha própria maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer. Como por exemplo: “Eu, Mauri, sou filho de uma professora primária, com seis irmãos, mãe essa que me fez ver o mundo a partir da simplicidade produzida pela educação acadêmica, com a ternura de amar minha família, mesmo diante do falecimento de meu pai durante minha primeira infância”.
Que experiência subjetiva você gostaria de escrever no seu comentário?
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Acredito que você acabou de enriquecer este texto, com sua subjetividade colocada diante de sua expressiva e lúcida condição emocional memorizada.
Obrigado. Respire, vamos voltar ao academicismo.
Assim, a psicologia observa que a saúde mental do indivíduo está diretamente ligada às condições sentimentais e materiais da vida, sendo a miséria amiga da ignorância, conduzindo a fome no sentido material e intelectual, produzindo falta de habitação adequada, desemprego ou subemprego, analfabetismo cultural ou perceptivo, altas taxas de mortalidade infantil, prostituição juvenil, fenômenos sociais de agressão, jovens de ruas, etc. Essas precárias condições psicológicas para a formação humana, colaboram para limitar a possibilidade de o indivíduo existir em sua amplitude social.
O homem é o ser que ao nascer inicia sua possibilidade de vida futura, em busca de sua sobrevivência, direcionado por uma sociedade que impõe modelos capazes de equacioná-lo, ou seja, Conhecimento + Produção = Homem.
Então questionamos: como construir um mundo psiquicamente saudável, sem ofertar a adequada disponibilidade à formação do homem?
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Na medida em que às presentes condições sociais são frágeis a partir da estruturação familiar corrompida pela ausência de valores, e as instituições públicas que continuam distantes de atender às necessidades para as quais foram criadas. Pensem nos presídios..., nas escolas..., nos hospitais..., nas polícias..., na qualidade da água..., na ausência literária e poética atual..., lembre-se: Calipso é sucesso na juventude e tantas outras coisas terríveis que vendem bastante, sendo drogas disfarçadas de arte, sem nenhum compromisso com a qualidade. Pode escrever o que você está pensando sobre aspectos do dia a dia que fazem mal a mente humana. Aproveite e livre-se das drogas... ________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Obrigado, catarse faz bem! Vamos voltar à leitura.
A verdade é que a sociedade necessita repensar os caminhos do desenvolvimento humano, ampliar o alicerce da qualidade de vida, possibilitando maior oportunidade as pessoas, objetivando estreitar o abismo em que, de um lado está à riqueza, com poucos beneficiados, e do outro, a enorme pobreza, e no centro disso tudo, os sobreviventes, que se intitulam classe média, sem força de avançar, trabalhando cinco meses para pagar altas taxas de juros, com salários que no presente quadro econômico só possibilitam financiamentos, pois não existe liquidez para comprar nada à vista. Esse quadro social de endividamento é um quadro que possibilita a perda da saúde mental, sendo propício para o avanço das doenças mentais, como dependência de drogas químicas, depressão, suicídio, etc.
O Psicólogo trabalha para que as pessoas desenvolvam uma compreensão cada vez maior de sua inserção nas relações sociais e de sua constituição histórica. Quanto mais clareza se tiver sobre isso, maiores serão as possibilidades de o indivíduo lidar com a situação cotidiana que o envolve, decidindo o que fazer, projetando intervenções para alterar a realidade, buscando atividades de Psico-higiene, visando compreender as relações de seu tempo.
Esse processo dinâmico em que a sociedade se direciona, a partir das ações ou omissões do homem, o coloca como sujeito histórico, responsabilizando-o por ser, e estar diante de si, não cabendo ao mesmo a isenção de seu papel atuante.
A diferença entre o homem e o animal, está no fato do homem ser um animal cultural, que pensa e fala, no sentindo mais amplo, muito além de seus instintos, o qual limita os outros animais. Assim a linguagem permite a expressão do pensamento, revelando o conhecimento e à universalidade do discurso do homem, facilitando e colaborando para a construção do conhecimento científico, sem fronteiras geográficas ou ideológicas.
O homem é o fascínio do homem, o enigma da vida. Quem sou Eu? Quem é Você? Quem somos nós? O que temos a fazer?
Estas são eternas e dinâmicas questões em nossa infinita capacidade de interpretar o mundo, em que devemos estar conscientes de nosso tempo, objetivando produzir uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária.
Mauri Gaspar
Psicólogo e Professor

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